sexta-feira, 1 de junho de 2012

COMO ADMIRO O ZÉ!



PUBLICIDADE DA ÉPOCA AO FILME


CRÍTICA PUBLICADA
NO “DIÁRIO DA MANHÔ em 1949

“A «Volta do José do Telhado», sem ser de modo algum um trabalho brilhante, é um trabalho limpo, que não destoa, não envergonha a cinematografia portuguesa. 

É um filme que agrada.”

 

VEJA SÓ!




"A VOLTA DE JOSÉ DO TELHADO"

ESTREIA NO CAPITÓLIO EM 14/9/1949




A 14 de Setembro de 1949 estreava o novo filme de Armando de Miranda, “A Volta de José do Telhado”. No protagonista regressava Virgílio Teixeira que voltava assim a encarnar a figura do lendário salteador. Como complemento do filme surgiam Milú, Leonor Maia, Tomás de Macedo, António Palma, Emílio Correia, Maria Olguim, Carlos Bagão, Silva Araújo e Juvenal de Araújo que regressava novamente no papel de João Pequeno. O argumento coube a Armando de Miranda e Gentil Marques que deram desta vez mais relevo à rivalidade de José do Telhado e João Pequeno, e às paixões de José do Telhado.

 
 
O filme teve assinalável êxito, em muito devido ao seu grande elenco, mas também à história fascinante desse grande salteador. A história de um homem honrado e honesto mas que as circunstancias levariam a trilhar um caminho ínvio e indefensável que o atiraria para o degredo, embora levando consigo a cruz de guerra alcançada por actos heróicos quando era ainda um cidadão respeitável, embora temido, era apaixonante e o publico corria ávido para as salas de cinema esgotando as sessões durante várias semanas.


CAPA DO PROGRAMA DO FILME

"A VOLTA DO JOSÉ DO TELHADO"





INTÉRPRETES

Virgílio Teixeira - José do Telhado
Milú - Zara
Juvenal de Araújo - José Pequeno
Tomás de Macedo - Desertor
António Palma - Padre Torcato
Leonor Maia - Joaninha
Emílio Correia - Morgado de Fataunços e ainda: Maria Olguim; Patrício Álvares; Hermínio de Miranda; Silva Araújo; Carlos Bagão; Isaura Olguim...

Realização - Armando de Miranda
Produção - Armando de Miranda
Argumento - Gentil Marques, Armando de Miranda e Manuel Guimarães
Fotografia - Aquilino Mendes
Música - Jaime Mendes

Duração aproximada: 123 mn. P/B Ano de produção: 1949

 
JOSÉ DO TELHADO E DESERTOR
ENCONTRAM-SE PRESOS

Na ausência de José do Telhado (Virgílio Teixeira), a ferros de el-rei, João Pequeno (Juvenal de Araújo), irmão de José Pequeno, bandido cuja ferocidade é ainda maior que a deste, é agora o capitão da quadrilha. Sob o seu comando, esta constitui o terror da região. Numa conferência no Gabinete do administrador do Concelho (Patrício Alves), quando todos se reconhecem impotentes para acabar com o flagelo, o padre Torcato (António Palma) tem uma ideia. E nessa noite, José do telhado e o seu companheiro de prisão, o Desertor (Tomás de Macedo), enigmática figura cujo passado é um mistério, descobrem com surpresa que a porta da prisão ficou aberta, após a visita do Carcereiro.


JOSÉ DO TELHADO ESCUTA

A PROPOSTA DO PADRE TORCATO

 


Descuido ou armadilha? O diabo que o diga. Mas há que aproveitar. E os dois novos amigos alcançam a liberdade. José do telhado procura a mulher e o filho, mas não os encontra, sendo informado de que eles há muito partiram, ninguém sabe para onde. Na vida ninguém mais lhe resta, a não ser o seu irmão mais novo, o Joaquim (Hermínio de Miranda), que o João Pequeno arrastou para as suas hostes. Um misterioso emissário procura José do Telhado e pede-lhe para o acompanhar junto de alguém que o deseja ajudar. O emissário leva-o a casa do Padre Torcato, que propõe conseguir-lhe o perdão se ele entregar à justiça, morto ou vivo, o famigerado João Pequeno, vergonha e terror da região.

 

JOSÉ DO TELHADO LIVRE OUTRA VEZ

 


José do Telhado recebe a proposta com indignada surpresa, mas logo reconsidera e responde que aceitará, não em troca do seu perdão, mas do seu irmão, que foi arrastado para a vida do mal pelo João Pequeno e que ainda pode ser um homem honrado, se o ajudarem. O Padre consulta alguém e anui ao pacto. José do telhado, secundado pelo desertor, arvorado em lugar-tenente, esforça-se para reunir alguns dos seus homens que não enfileiraram nas hostes de João Pequeno e com a sua nova quadrilha procura o bandido, para lhe pedir a entrega do irmão.
 

JOSÉ DO TELHADO E SEUS HOMENS

PREPARAM O ASSALTO A JOÃO PEQUENO


Em face disto, José do Telhado, desiludido parte. Mas dias depois, João Pequeno chicoteia barbaramente Joaquim que é levado meio-morto ao acampamento do José do Telhado por um velho quadrilheiro fiel e pela jovem cigana Rosinha (Isaura Olguim), que o adora. Joaquim explica ao irmão toda a verdade. E José do Telhado, em cólera acesa, convoca todos os seus homens para o assalto ao acampamento do João Pequeno com o qual vai travar uma luta de vida ou de morte. 
O combate entre as duas quadrilhas é tremendo. Por fim, João pequeno cai moribundo. Neste instante, porém, as duas quadrilhas são cercadas pela tropa, que as intimida a entregarem-se. José do Telhado diz ao Tenente que a liberdade do seu irmão lhe foi prometida. O Tenente responde que de nada sabe e que tem ordem para prender todos. Compreendendo a traição, José do Telhado escapa-se temerariamente, lançando-se às águas duma funda lagoa.

 

COM A AJUDA DE ZARA,

JOSÉ DO TELHADO PLANEIA A SUA VINGANÇA


José do Telhado novamente um revoltado, ajudado pela bela cigana Zara, assalta a prisão, liberta os seus homens e enceta novamente a vida de capitão de ladrões que parece ser seu implacável destino. 
E quando sabe pelo Padre Torcato que a falta ao cumprimento da promessa de liberdade de seu irmão é obra do Administrador, não perde a oportunidade da desforra. Vai-se realizar um casamento de conveniência entre a filha do Administrador, Joaninha (Leonor Maia) e um velho e ridículo Morgado (Emílio Correia). Esta é a oportunidade de vingança de José do Telhado.

FOTO DA COLECÇÃO DA CINEMATECA PORTUGUESA

O casamento entre a filha do administrador e o Morgado, é a oportunidade de vingança esperada para José do Telhado. Embora seja até uma obra meritória, salvar a pobre noiva forçada. E a quadrilha de José do Telhado põe em prática uma das suas maiores, mais audaciosas e retumbantes proezas. A tropa, porém, está alerta. Perseguida, a quadrilha entrincheira-se numas velhas ruínas e resiste em luta valorosa, acabando por pôr os soldados em debanda. Mas o Desertor morre, vítima de sua abnegação a seu amigo fiel. Morre salvando a vida de José do Telhado.  


ZÉ DO TELHADO MORRE COMO UM VALOROSO COMBATENTE

 
José Teixeira da Silva nasceu no lugar do Telhado, de Castelões de Recezinhos, em 22 de Junho de 1818. Ficou célebre na história de Portugal como Zé do Telhado, um herói que se tornou vilão.
Na noite de 16 para 17 de Março de 1857, Zé do Telhado é já alvo de uma caça ao homem sem precedentes. Tinha renovado a quadrilha, agora constituída por Zé do Telhado e o irmão Joaquim, António da Cunha, o Silva mestre pedreiro, a senhora Tomásia, Joaquim Pinto e a mulher, donos de uma estalagem , o Morgado António Faria, o padre Torquato José Coelho Magalhães, o alfaiate Miguel Exposto, o Morgado da Magantinha(António Ribeiro de Faria) e o administrador Albino Leite.
As quadrilhas integravam padres, morgados, administradores, Empresários e alfaiates que tal como hoje nunca foram julgados.
Na campa, onde jaz, consta uma data de nascimento falsa, mas a História reconduz-nos a julgamentos recentes, alguns dos quais da actualidade...

FIM

 



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