NO
“DIÁRIO DA MANHÔ em 1949
“A «Volta do José do Telhado», sem ser de modo algum um trabalho brilhante, é
um trabalho limpo, que não destoa, não envergonha a cinematografia portuguesa. É um filme que agrada.”
VEJA SÓ!
"A VOLTA DE JOSÉ DO
TELHADO"
ESTREIA NO CAPITÓLIO EM 14/9/1949
A 14 de
Setembro de 1949 estreava o novo filme de Armando de Miranda, “A Volta de José
do Telhado”. No protagonista regressava Virgílio Teixeira que voltava assim a
encarnar a figura do lendário salteador. Como complemento do filme surgiam
Milú, Leonor Maia, Tomás de Macedo, António Palma, Emílio Correia, Maria
Olguim, Carlos Bagão, Silva Araújo e Juvenal de Araújo que regressava novamente
no papel de João Pequeno. O argumento coube a Armando de Miranda e Gentil
Marques que deram desta vez mais relevo à rivalidade de José do Telhado e João
Pequeno, e às paixões de José do Telhado.
O filme
teve assinalável êxito, em muito devido ao seu grande elenco, mas também à
história fascinante desse grande salteador. A história de um homem honrado e
honesto mas que as circunstancias levariam a trilhar um caminho ínvio e
indefensável que o atiraria para o degredo, embora levando consigo a cruz de
guerra alcançada por actos heróicos quando era ainda um cidadão respeitável, embora
temido, era apaixonante e o publico corria ávido para as salas de cinema
esgotando as sessões durante várias semanas.
CAPA DO PROGRAMA DO FILME
"A VOLTA DO JOSÉ DO
TELHADO"
INTÉRPRETES
Virgílio Teixeira - José do Telhado
Milú - Zara
Juvenal de Araújo - José Pequeno
Tomás de Macedo - Desertor
António Palma - Padre Torcato
Leonor Maia - Joaninha
Emílio Correia - Morgado de Fataunços e ainda: Maria Olguim; Patrício Álvares;
Hermínio de Miranda; Silva Araújo; Carlos Bagão; Isaura Olguim...
Realização - Armando de Miranda
Produção - Armando de Miranda
Argumento - Gentil Marques, Armando de Miranda e Manuel Guimarães
Fotografia - Aquilino Mendes
Música - Jaime Mendes
Duração aproximada: 123 mn. P/B
Ano de produção: 1949
JOSÉ DO TELHADO E DESERTOR
ENCONTRAM-SE PRESOS
Na
ausência de José do Telhado (Virgílio Teixeira), a ferros de el-rei, João
Pequeno (Juvenal de Araújo), irmão de José Pequeno, bandido cuja ferocidade é
ainda maior que a deste, é agora o capitão da quadrilha. Sob o seu comando,
esta constitui o terror da região. Numa conferência no Gabinete do
administrador do Concelho (Patrício Alves), quando todos se reconhecem
impotentes para acabar com o flagelo, o padre Torcato (António Palma) tem uma
ideia. E nessa noite, José do telhado e o seu companheiro de prisão, o Desertor
(Tomás de Macedo), enigmática figura cujo passado é um mistério, descobrem com
surpresa que a porta da prisão ficou aberta, após a visita do Carcereiro.
JOSÉ DO TELHADO ESCUTA
A PROPOSTA DO PADRE TORCATO
Descuido
ou armadilha? O diabo que o diga. Mas há que aproveitar. E os dois novos amigos
alcançam a liberdade. José do telhado procura a mulher e o filho, mas não os
encontra, sendo informado de que eles há muito partiram, ninguém sabe para
onde. Na vida ninguém mais lhe resta, a não ser o seu irmão mais novo, o
Joaquim (Hermínio de Miranda), que o João Pequeno arrastou para as suas hostes.
Um misterioso emissário procura José do Telhado e pede-lhe para o acompanhar
junto de alguém que o deseja ajudar. O emissário leva-o a casa do Padre
Torcato, que propõe conseguir-lhe o perdão se ele entregar à justiça, morto ou
vivo, o famigerado João Pequeno, vergonha e terror da região.
JOSÉ DO TELHADO LIVRE OUTRA VEZ
José do
Telhado recebe a proposta com indignada surpresa, mas logo reconsidera e
responde que aceitará, não em troca do seu perdão, mas do seu irmão, que foi
arrastado para a vida do mal pelo João Pequeno e que ainda pode ser um homem
honrado, se o ajudarem. O Padre consulta alguém e anui ao pacto. José do
telhado, secundado pelo desertor, arvorado em lugar-tenente, esforça-se para
reunir alguns dos seus homens que não enfileiraram nas hostes de João Pequeno e
com a sua nova quadrilha procura o bandido, para lhe pedir a entrega do irmão.
JOSÉ DO TELHADO E SEUS HOMENS
PREPARAM O ASSALTO A JOÃO PEQUENO
Em face
disto, José do Telhado, desiludido parte. Mas dias depois, João Pequeno
chicoteia barbaramente Joaquim que é levado meio-morto ao acampamento do José
do Telhado por um velho quadrilheiro fiel e pela jovem cigana Rosinha (Isaura
Olguim), que o adora. Joaquim explica ao irmão toda a verdade. E José do
Telhado, em cólera acesa, convoca todos os seus homens para o assalto ao
acampamento do João Pequeno com o qual vai travar uma luta de vida ou de morte.
O combate entre as duas quadrilhas é tremendo. Por fim, João pequeno cai
moribundo. Neste instante, porém, as duas quadrilhas são cercadas pela tropa,
que as intimida a entregarem-se. José do Telhado diz ao Tenente que a liberdade
do seu irmão lhe foi prometida. O Tenente responde que de nada sabe e que tem
ordem para prender todos. Compreendendo a traição, José do Telhado escapa-se
temerariamente, lançando-se às águas duma funda lagoa.
COM A AJUDA DE ZARA,
JOSÉ DO TELHADO PLANEIA A SUA
VINGANÇA
José do
Telhado novamente um revoltado, ajudado pela bela cigana Zara, assalta a
prisão, liberta os seus homens e enceta novamente a vida de capitão de ladrões
que parece ser seu implacável destino.
E quando sabe pelo Padre Torcato que a
falta ao cumprimento da promessa de liberdade de seu irmão é obra do
Administrador, não perde a oportunidade da desforra. Vai-se realizar um
casamento de conveniência entre a filha do Administrador, Joaninha (Leonor
Maia) e um velho e ridículo Morgado (Emílio Correia). Esta é a oportunidade de
vingança de José do Telhado.
FOTO
DA COLECÇÃO DA CINEMATECA PORTUGUESA
O
casamento entre a filha do administrador e o Morgado, é a oportunidade de
vingança esperada para José do Telhado. Embora seja até uma obra meritória,
salvar a pobre noiva forçada. E a quadrilha de José do Telhado põe em prática
uma das suas maiores, mais audaciosas e retumbantes proezas. A tropa, porém,
está alerta. Perseguida, a quadrilha entrincheira-se numas velhas ruínas e
resiste em luta valorosa, acabando por pôr os soldados em debanda. Mas o
Desertor morre, vítima de sua abnegação a seu amigo fiel. Morre salvando a vida
de José do Telhado.
ZÉ DO TELHADO MORRE COMO UM VALOROSO COMBATENTE
José Teixeira da Silva nasceu
no lugar do Telhado, de Castelões de Recezinhos, em 22 de Junho de 1818. Ficou
célebre na história de Portugal como Zé do Telhado, um herói que se tornou
vilão.
Na noite de 16 para 17 de Março
de 1857, Zé do Telhado é já alvo de uma caça ao homem sem precedentes. Tinha
renovado a quadrilha, agora constituída por Zé do Telhado e o irmão Joaquim,
António da Cunha, o Silva mestre pedreiro, a senhora Tomásia, Joaquim Pinto e a
mulher, donos de uma estalagem , o Morgado António Faria, o padre Torquato José
Coelho Magalhães, o alfaiate Miguel Exposto, o Morgado da Magantinha(António
Ribeiro de Faria) e o administrador Albino Leite.
As quadrilhas integravam
padres, morgados, administradores, Empresários e alfaiates que tal como hoje nunca
foram julgados.
Na campa, onde jaz, consta uma
data de nascimento falsa, mas a História reconduz-nos a julgamentos recentes,
alguns dos quais da actualidade...
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