sábado, 28 de abril de 2012

NOVELAS – Penafiel, 25 de ABRIL de 2012 !


25 De ABRIL SEMPRE!

A Junta de Freguesia de Novelas, a Associação Recreativa Novelense e a Associação Para o Desenvolvimento da Freguesia, comemoraram o 25 de Abril com os Novelenses 38 Anos depois da revolução dos cravos.
Fizeram-no com várias personalidades, como já é habitual e conforme anunciado.
No dia 24 de Abril de 2012 à noite, no Salão Polivalente da Junta de Freguesia de Novelas, fizeram-se soar cantigas de Abril evocando a liberdade. Por sua vez Rui Vaz Pinto com a força das palavras lembrou Catarina Eufémia quando o sangue regou a campina e o povo por ela chorou.
Carlos Cunha, Francisco Carvalho e Fernando Ribeiro, com muita estima fizeram da cantiga uma arma e lembraram aos Novelenses a revolução e o Zeca, um génio inigualável e com um grande contributo para a liberdade dos Portugueses.
No dia 25 foi a vez da Associação Recreativa Novelense e Associação para o Desenvolvimento da Freguesia de Novelas, colocarem em marcha uma tertúlia com José Castro, um homem de Abril, activista estudantil e sindicalista dessa época.
Foram esclarecidas dúvidas aos jovens e recordou o 25 de Abril de 74, como sendo uma revolução mais que necessária e fundamental para a dignidade de um povo que cerrou fileiras na procura e conquista do pão e da paz.
 Este foi um dia distinto na vida de cada Novelense, especialmente para aqueles que viveram Abril com a esperança de uma vida melhor.

Mas a história poderá vir a repetir-se, se nada fizermos e continuarem a fazer crer de que não valeu a pena. Quando são ultrapassadas barreiras como a opressão, a ditadura e a escravidão vale sempre a pena, e seria péssimo dizer que tudo foi assim tão mau.

Ainda me lembro, foi na escola América Cardeal Rocha Melo, quando a na 4ª classe a professora, dizia que finalmente estávamos livres, comecei então a festejar sempre o dia da liberdade desde esse dia.
Continuo-o fiel tal como o senti e vivi quando tinha nove anos em 25 de Abril de 1974, apesar de ainda hoje existir quem se esqueça do aspecto miserável como que se apresentava a freguesia até essa data – a maioria das ruas não estava ainda pavimentada, e em muitas delas os esgotos corriam a céu aberto; as habitações tinham péssimas condições de salubridade, sem água potável, sem sanitários, sem energia eléctrica, conforme foi retratado na Associação Recreativa Novelense.

Resolvidos problemas fundamentais 38 anos depois, agora as preocupações são outras e maiores, os portugueses passam hoje por um conjunto de dificuldades que ainda há alguns anos pareciam inimagináveis, o desemprego aumenta e o drama atinge, sobretudo, os mais jovens, que lutam por uma oportunidade de colocação na vida activa.
Este flagelo diário assombra uma retoma na economia, impedindo o seu crescimento.
Os Jovens precisam apenas de uma oportunidade para mostrar a sua qualidade, o seu empenho, a mais valia que trazem para a construção de um futuro melhor.
Mas cada dia que passa tentamos conter a liberdade, acompanhado o mais possível de responsabilidade, e continuamos a assistir a actos e omissões, onde me vem sempre à lembrança a revolução numa das suas canções “ cravo vermelho ao peito, a todos fica bem, sobretudo dá jeito, a certos filhos da mãe”.
Foi com todo este sentimento que apesar de tudo, no Salão da junta de freguesia de Novelas vivi, momentos únicos com a força das palavras e das canções, a retratar muito bem a força de Abril.
Na Associação Recreativa Novelense e Associação Para o Desenvolvimento da Freguesia de Novelas, retratou-se e dignificaram-se os valores do 25 de Abril com chamadas de atenção para os direitos constitucionais, uns atrás dos outros, que começam a ser postos em causa, e se verifica um jogo de interesses que resultou no estado a que isto chegou.


Para dar a conhecer às crianças o quanto foi importante este dia, a Associação para o Desenvolvimento da Freguesia de Novelas, colocou um Mural para ser pintado com cores vivas de Abril e motes da liberdade, encerrando com Velas pela Liberdade, barquinhos de papel no Rio Sousa que transportaram esperança para um futuro melhor.
É necessário evocar, que um cravo e um pão se igualam na mesa da justiça, e que o 25 de Abril levou a esperança a todas as famílias e não só a algumas que vivem na sua sombra, sendo responsáveis os que não souberam aproveitar a liberdade, a responsabilidade, solidariedade, a fraternidade e honestidade de forma a todos poderem viver melhor.
E os que se ajoelham ao passar da procissão são tão culpados como eles.

Para mim, 25 de Abril, SEMPRE!

Novelas, 28 de Abril de 2012




sexta-feira, 27 de abril de 2012

BIBLIOTECA MUNICIPAL

O Coronel Vasco Lourenço!


A Biblioteca Municipal de Penafiel convidou os Penafidelenses, para um encontro com o Coronel Vasco Lourenço, no âmbito das comemorações 25 de Abril.
Com apresentação a cargo do jornalista Francisco José Oliveira e um momento musical com cantigas de Abril por José Silva, o coronel começou por evocar o seu companheiro coronel Mário Alfredo Brandão Rodrigues dos Santos, falecido em Penafiel no passado dia 3 de Fevereiro de 2012, com 74 anos de idade.
Notou-se claramente uma das maiores dores, sentida pela separação de uma pessoa de valor de quem naturalmente admiramos e com dedicação à vida por uma causa justa na protecção ao mais elementar...
 A LIBERDADE!

O coronel Vasco Lourenço referiu que Spartacus é esperado pelo povo, para comandar os oprimidos na “Revolta dos Escravos”, e que o gladiador começa a perder o medo no coração da República “Romana”.
Rui Eduardo Pães, jornalista crítico de música e ensaísta, por sua vez descreve que ao longo destes 38 anos nos encontramos de tal forma embaraçados, que se nada fizermos, passaremos do cravo ao escravo, hoje manifestado e imposto sobre uma forma camuflada, a ditadura vê-se a querer brotar, sobrepondo-se a um povo ordeiros e manso, arrastando-o para a “Rebelião”.
Referiu-se que a mensagem  é clara e se não protestar-mos contra a precariedade, contra o desemprego, contra os atrasos nos pagamentos dos ordenados, contra a perda de direitos como trabalhador, contra os impostos, contra os cortes na cultura, contra as penhoras realizadas pelos bancos e pela Autoridade Tributária e Aduaneira às vítimas daquilo a que chamam «políticas de austeridade», contra o afundamento do Serviço Nacional de Saúde e da Segurança Social, contra a grunhisse como sistema de pensamento, o mais que se pode ter é um punhado de nada.
O coronel Vasco Lourenço observou a falta de preocupação dos nossos governantes em terem colocado o poder numa situação embaraçosa, fazendo com que se viva 38 anos depois da revolução um momento crítico em termos da autonomia devidamente consagrada na Constituição.
 É tempo de nos interrogarmos onde se encontram os valores de Abril.
O 25 de Abril continua a valer sobretudo por aquilo que representa  e estes valores e ideias, mantêm-se actuais, colocando-nos em alerta permanente tal como fizeram os capitães de Abril à 38 anos.

Novelas, 27 de Abril de 2012

 
 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

25 DE ABRIL - PENAFIEL TERRA NOSSA

25 DE ABRIL EM NOVELAS

Mais uma vez a freguesia de Novelas comemorou o 25 de Abril.



No salão da Junta de Freguesia de Novelas, na noite de 24 para 25 de Abril, fomos brindados com poemas na voz de Rui Vaz Pinto, e cantilenas que foram desde os Fados de Coimbra, passando pelas baladas, e desaguando no cancioneiro popular Açoriano e Alentejano, a cargo de Fernando Carvalho, Fernando Ribeiro e Carlos Cunha.

Se todo este leque de músicas e canções foram do meu agrado, uma há que me tocou especialmente e que se intitula “Três dia, e três noites”, de autoria de Fernando Peixoto (já falecido), e interpretada por Carlos Cunha.
Esta canção espelha bem o que foi a Guerra Colonial, peditório para o qual, também contribuí, dando o corpo ao manifesto em Angola.


domingo, 22 de abril de 2012

ACADEMIA DE DANÇA.

MENINO GOTINHA DE CHUVA!



A Academia de Dança de Novelas, apresentou, nos dias 21 e 22 de Abril no salão polivalente da Junta de Freguesia de Novelas, uma história, musical e dança intitulada Gotinha de chuva.
Era uma vez um menino chamado Gotinha de chuva.
A princípio, a gotinha estremeceu de medo, mas depois gostou da viagem onde não faltaram nuvenzinhas, representadas por fofinhas crianças que muito bem souberam interpretar.
  
 Adormeceu-se num mundo de fantasia no qual provavelmente incorporaram novos elementos, e foi uma maravilha a mensagem que passaram do conto curto ou breve sobre a importância da chuva no planeta, que terminou com um final feliz para crianças e jovens, tornando-se assim agradável e adequado para se aprender a preservar a natureza.
O modelo formativo desta academia, estimula a prática da dança, promove o enriquecimento do vocabulário individual, a aquisição de novos conhecimentos, a investigação de novas linguagens, num caminho de afirmação artística, construído no diálogo e na interacção entre os diversos elementos professores.
Salienta-se a inspiração apoiada na preservação do planeta e a coreografia de Daniela com um projecto, que conjuga as artes performativas, através da transformação do movimento e dança, questionando o destino do homem e a sua frequente ligação didáctica, com o meio ambiente e preservação da Natureza.
É de assinalar que sobretudo no conto, o relato falado de Mónica foi de grande qualidade terminando com uma excelente cantiga gravada em CD de autoria de José Monteiro já conhecida dos Novelenses “ A Chuva”
 

Já que ao longo destes anos, a Freguesia de Novelas foi promotora de maravilhas diversificadas, que bom seria, se fosse possível unir sem sonhar ou separar a diversidade cultural que a caracteriza, dando a conhecer cada um á sua maneira as suas manifestações artísticas, acolhendo os jovens e quem a visita.

Assistir foi uma maravilha.
Novelas 22 de Maio de 2012




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 Obrigado.
rfbmeireles@gmaill.com






domingo, 15 de abril de 2012

DVD - 64 - 25 DE ABRIL EM NOVELAS 2012


38 ANOS DEPOIS...



  A JUNTA DE FREGUESIA DE NOVELAS VAI PROCEDER À ABERTURA DAS COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL.
 
À semelhança de anos anteriores, estarão envolvidas e em colaboração com a JUNTA DE FREGUESIA DE NOVELAS a ASSOCIAÇÃO RECREATIVA NOVELENSE a ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA FREGUESIA DE NOVELAS  e TODAS AS FORÇAS VIVAS com intenção de darem a conhecer a todos aqueles que sofreram com a opressão; de que é mais do que urgente resgatar ABRIL.
Os militares fizeram a revolução que está a ser alvo do regresso ao passado, do comprometimento do futuro e da deturpação da história.
Na verdadeira história da Revolução 25 de Abril, foram importantes as canções de Abril e as lutas constantes, contra uma ditadura que acabaram por derrubar o regime.
Eu quero posso e mando; poder é saudável; e sobretudo a disparidade da desigualdade entre classes, o aumento apressado do desemprego, a vida precária e difícil das famílias e o futuro ameaçador para os jovens, faz cada vez mais pensar na necessidade de resgatar Abril...
A história é mais do que evidente e necessária para que hoje estejamos atentos e vigilantes. As preocupações, projectam-se com o futuro que iremos deixar para as próximas gerações, com um sistema em que os ricos foram ultrapassados pelos novos-ricos, a classe média desapareceu apressadamente e  a pobreza é mais do que evidente.
Vamos fazer algo, pelas novas gerações;

 PROGRAMA
   DIA 24 DE ABRIL às 21e30 horas no SALÃO POLIVALENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE NOVELAS, VAMOS MANTER VIVO E RECORDAR ABRIL; COM CANTIGAS E OS ARTISTAS:

CARLOS CUNHA
Músico e Cantor de ABRIL;

FRANCISCO CARVALHO
Músico e Cantor de ABRIL;

FERNANDO RIBEIRO
Músico e Cantor de ABRIL;

 RECORDAR ABRIL É COM:
POESIA DECLAMADA POR RUI VAZ PINTO


DIA 25 DE ABRIL - ASSOCIAÇÃO RECREATIVA NOVELENSE

09:00 horas - PROVA DE BTT - XCR/ARN
Com início no Pavilhão Municipal de Novelas, vai ter início uma prova de BTT - XCR/ARN organizada pela ASSOCIAÇÃO RECREATIVA NOVELENSE, com intenção de que este dia seja demarcado na história de ABRIL, com actividades de Recreio e Desporto.

15:00 horas - O 25 DE ABRIL VIVIDO POR DR. JOSÉ MACHADO CASTRO!
Organizado também pela ASSOCIAÇÃO RECREATIVA NOVELENSE, A HISTÓRIA DO 25 DE ABRIL VISTA POR: DR. JOSÉ MACHADO CASTRO, preso político antes do 25 de Abril , activista estudantil e sindicalista.

 O CANTO DE INTERVENÇÃO COM JOSÉ RAMALHO!
 
  ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA FREGUESIA DE NOVELAS
DIA 25 DE ABRIL

16 e 30 horas - MURAL DA LIBERDADE; a A.P.D.F.NOVELAS convida as crianças e Jovens a participar em pinturas alusivas ao 25 de Abril num MURAL PARA A LIBERDADE, seguindo-se pelas; 

    18:00 horas - VELAS PELA LIBERDADE - Uma iniciativa para a população em geral; - Jovens Crianças e Adultos que vão escrever mensagens figuradas do 25 de Abril, colocando-as em barquinhos de papel, para serem transportadas pelo Rio Sousa  e alguém as possa ler.

COLABORA PARTICIPA !

Organização:
Junta de Freguesia de Novelas.

Colaboração:
Associação Recreativa Novelense.
Associação para o Desenvolvimento da Freguesia de Novelas. 

ESCOLA DE NOVELAS - PENAFIEL TERRA NOSSA


ESCOLA - CANTINA
AMÉRICA CARDEAL ROCHA MELO


Foi nesta escola primária, que muitas gerações de Novelenses, começaram a aprender as suas primeiras letras.
Edificada ao lado da Igreja Paroquial de Novelas, fazendo jus à ligação em voga no tempo do Estado Novo, Escola - Igreja.
Embora sobre a porta de entrada principal se possa ler em letras garrafais “ESCOLA – CANTINA AMÉRICA CARDEAL ROCHA MELO”, apenas a cantina foi baptizada com o nome da esposa do benemérito cidadão Manuel da Rocha Melo…

Um trabalho de Fernando Oliveira
Novelas 15 de Abril de 2012.



O EMBLEMA NÃO É IMPORTANTE!



Abril com liberdade de expressão!

Na VII REVISÃO CONSTITUCIONAL com o 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.

No entanto tal como hoje, alguns continuaram a ser bobos de corte, e nada faziam para mudar enquanto outros libertavam Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo que representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais para todos, mas para alguns viria ao longos dos anos a tornar-se num embaraço que ainda hoje incomoda muita gente porque se é isento e independente.
No entanto só se faz falta quando se está presente e por isso  sabemos que se torna quase sempre uma pedra, no sapato de alguém!
  Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.
Entende-se assim que:
 Foi a pensar o Direito, que se pensou a Liberdade e viu-se com Abril e o bilhete de avião, onde não faltou o canto da emigração! Fazer agir o Direito, será viver a Liberdade e intrinsecamente ligados, arte é fazer valer o direito à liberdade dentro dos parâmetros e paradigmas do Direito, isto é, temos o direito de nascer, crescer, estudar, comer, morar... e morrer. 
A liberdade, antes de tudo, deve ser vista com responsabilidade.
Esses direitos são necessários para se encontrar, de uma forma ou de outra, os caminhos, as metas e os objectivos de cada indivíduo – tanto para o bem, quanto para o mal, ou seja, a liberdade será determinada pelos seus princípios de "direito": o errar e o acertar e é mais que evidente ...
No entanto a responsabilidade dos nossos feitos, é uma condição sumamente importante para que possamos fazer jus a "essa tal liberdade"... 

O futuro dirá, a ver vamos! 

Novelas 15 de Abril de 2012 

 


sexta-feira, 13 de abril de 2012

ESCOLA - CANTINA AMÉRICA CARDEAL ROCHA MELO


ESCOLA – CANTINA


Foi nesta escola primária, que muitas gerações de Novelenses, começaram a aprender as suas primeiras letras.
Edificada ao lado da Igreja Paroquial de Novelas, fazendo jus à ligação em voga no tempo do Estado Novo, Escola - Igreja.
Embora sobre a porta de entrada principal se possa ler em letras garrafais “ESCOLA – CANTINA AMÉRICA CARDEAL ROCHA MELO”, apenas a cantina foi baptizada com o nome da esposa do benemérito cidadão Manuel da Rocha Melo.
Na acta da sessão da Câmara Municipal de Penafiel, do dia 19 de Abril de 1894, a Junta de Paróquia da Freguesia de Novelas, deste concelho de Penafiel, apresenta o pedido para a criação de uma escola – elementar mista, sendo decidido obter e apresentar, à Câmara Municipal de Penafiel esclarecimentos para esta se pronunciar.

A Câmara Municipal de Penafiel na sessão de 26 de Abril de 1894, tomou a seguinte resolução como se pode ler na acta:

“Elle vicepresidente (da C.M.P. Casimiro Sequeira de Sousa Rebello), apresentou o ofício do Governo Civil d’este distrito acompanhando a representação da junta de parochia de Novelas, a pedir uma escola, à cerca da qual foi encarregado pela Câmara de informar na sessão transacta – e prestando as informações que obteve em vista das leis e dos interesses da freguesia. Em vista d’estas informações, a câmara deliberou por unanimidade: que a pretenção da junta de parochia da freguesia de Novelas, em querer que seja estabelecida nessa freguesia uma escola elementar - sistema misto, e que, em vista dos muitos encargos que hoje pesam sobre a Câmara, mas tendo que desempenhar-se dos que lhe impõe o decreto de 6 de Agosto de 1892 = se obrigava e compromethia a prestar permanentemente, em quanto tal obrigação lhe competir, como possa a escola e habitação dos professores - e a respectiva mobília escolar, submetendo-se deliberação à aprovação superior para ser executada."

Texto extraído da acta de 26 de Abril de 1894

Em 5 de Outubro de 1910, foi implantada em Portugal a República, que instituiu o ensino público obrigatório para todos os cidadãos, com vista a combater a taxa de analfabetismo que rondava os 80% da população.
Como se pode ler no Decreto n.º 21.258, o filantropo Manuel da Rocha Melo doou, uma quantia para a construção das escolas de Bostelo e Novelas, assim como para a manutenção das respectivas cantinas.
Transcrevo alguns artigos do respectivo Decreto n.º 21.258, publicado no “Diário do Govêrno, de Quinta-feira 19 de Maio de 1932, da I Série – Número 116, pág. 874, que diz o seguinte:
“Art. 1º. É o Governo autorizado a aceitar a quantia de £ 2:600, em títulos de divida pública de 6 ½ por cento ouro, de 1923, que o cidadão Manuel da Rocha Melo doa ao Estado para manutenção das cantinas escolares de Bostelo e Novelas e bem assim a de 20.000$ com que o mesmo cidadão contribui para a construção dos respectivos edifícios escolares.
Art. 2º. Essas cantinas receberão, respectivamente, o nome de Cantina da Rocha Melo, de Bustelo, e Cantina da Rocha Melo, de Novelas.
Art. 4º. Tais fundos são administrados pela Câmara Municipal de Penafiel, por intermédio de comissões de três membros por ela nomeados entre os homens bons do concelho, para cada uma das duas cantinas.
§ 1º. Os membros dessas comissões serão nomeados por um ano. Poderão porém ser reconduzidos por igual período no caso de se verificar a sua boa administração.
§ 2º. As mesmas comissões superintenderão outrossim no funcionamento da cantina respectiva e poderão aceitar quaisquer donativos igualmente destinados à manutenção das cantinas.
Escola - Cantina América Cardeal Rocha Melo
Art. 5º. Os fundos das cantinas, bem como os seus rendimentos, são isentos de quaisquer ónus camarários presentes ou futuros.
Escola - Cantina América Cardeal Rocha Melo
Domingo, 22 de Novembro de 1936, foi inaugurada solenemente a Escola - Cantina América Cardeal Rocha Melo, na freguesia de Novelas, cuja obra se deve ao Estado Novo e ao grande benemérito Manuel da Rocha Melo desta freguesia.
.....um grupo de raparigas, em trajes regionais, cobriu os ilustres visitantes com uma demorada chuva de flores de mistura com o estalejar de foguetes, ruidosos vivas da assistência numerosa, que ali se comprimia, e ao som dos acordes da banda marcial de Paredes.
Procedeu à bênção solene da Escola o reverendo pároco da freguesia de Novelas António Domingues da Fonseca seguindo-se uma sessão solene, cuja mesa era constituída pelos srs. Engenheiro Gomes da Silva, Director Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, presidente, ladeado pelo sr. Rocha Melo; Adriano Mota, Director do Distrito Escolar; Padre Carlos Pereira Soares, Presidente da Câmara, Adriano Pais Neto e Capitão Couto de Vasconcelos, vereadores.
…Discursaram brilhantemente acerca do objectivo da festa e à benemerência dos homenageados...
Um menino e uma menina, alunos da escola, recitaram cada um o seu discurso, alusivos ao significado da festa.
No final foi distribuído, pelas crianças da escola um suculento almoço, servido pelas senhoras da terra, e confeccionado na respectiva cantina.
Por último o sr. Rocha Melo ofereceu um lauto almoço na sua casa da Tulha, em Novelas.
Entrada principal da Quinta da Tulha.
Entrada principal da Quinta da Tulha
Tal como hoje, nesses tempos idos, a fome sentava-se à mesa de muitos lares. Com subsídios da Cáritas portuguesa, na cantina América Cardeal Rocha Melo, não só eram servidas as refeições aos alunos mais carenciados da freguesia, como também a sopa dos pobres, que nos tempos ditos democráticos se chama banco alimentar.
A escola mais antiga da freguesia de Novelas, é denominada, nos tempos que correm, por Escola Ponte n.º1. Não faço ideia, porque não foi aproveitado o nome de América Cardeal Rocha Melo para a mesma, ou será mais chique ou funcional, a escola ter um nome, e a cantina outro? … pois, não quero crer, que por qualquer motivo que me escapa, o nome da senhora fere a dita democracia instalada.
Justino do Fundo, cumprimentando António da Silva Meireles (de costas para a foto). Infelizmente, ambos já não fazem parte do nosso convívio.
Justino do Fundo, cumprimentando António da Silva Meireles (de costas para a foto). Infelizmente, ambos já não fazem parte do nosso convívio.
No ano de 1985, esta escola beneficiou de obras custeadas pela Junta de Freguesia de Novelas sendo seu presidente o Sr. António da Silva Meireles, e pela Câmara Municipal de Penafiel chefiada por António Justino da Costa Luís do Fundo.
Já no ano 2000, a escola sofreu obras de restauro, assim como a substituição do mobiliário e caixilharia. Nesta altura, era Presidente de Junta o Sr. António Rocha e Presidente do Município o Sr. Dr. Rui António Pinto Silva.
Entretanto, foi-lhe anexado um infantário, para crianças mais pequenas.
A escola é composta por duas salas de aula, uma cantina com cozinha, sala de professores, uma casa de banho para os rapazes, uma casa de banho para as raparigas, e uma casa de banho para professores. Existe um grande recinto em redor da escola, um átrio de entrada e um recinto coberto, a escola oferece umas boas condições para quem a frequenta.
Agora com a cantilena da troyka, faço voto que não venha a encerrar esta escola, como também o desaparecimento da Junta da Freguesia de Novelas.
Para a elaboração deste texto foram consultados:
- Os Jornais “O Tempo”, e “O Penafidelense” da época.
- As Actas da Câmara Municipal de Penafiel
- O Diário do Governo de 19 de Maio de 1932
- A “Monografia de Novelas”
- Fotos cedidas pelo meu amigo Meireles

13 Abril 2012

 



segunda-feira, 2 de abril de 2012

ENCONTRO DE ESCRITORES - UNICEPE.

Na quarta-feira, dia 28 de Março, das 21h30 às 23h foi homenageado o escritor Alberto Pimentel, na Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, sendo a apresentação do escritor a cargo de José Silva


Porto, 1849/Queluz, 1925 - Alberto Pimentel nasceu no Porto, em 1849, e nesta cidade frequentou a instrução pública, não tendo sido possível, por motivos económicos, aceder ao ensino superior como era pretensão de seu pai.
Colocou na sua obra o Porto na Berlinda e em 1868, Alberto Pimentel era estudante do Liceu, tinha então 19 anos de idade.
Assistiu a um outeiro no Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria, que então ocupava o actual espaço da estação de S. Bento. Foi acompanhado pelo seu inseparável amigo Sousa Viterbo, como já era conhecido das freiras, por lá ter uma prima, não teve dificuldade em entrar.
Ficou deliciado com as iguarias e vinhos finos. A música também esteve presente, através do Maestro Miguel Ângelo (no piano), Marques Pinto (violino) e do mestre Moreira de Sá. Os poetas glosaram até altas horas a mote das seculares.

Alberto Pimentel retira-se com o seguinte verso:
Tenho hoje aqui glosado
Motes a êsmo, a granel
Consenti, minhas senhoras,
Que eu desta feita termine
E perante vós se incline
Vosso servo Pimentel.
 Além de jornalista e escritor, Alberto Pimentel ocupou diversos cargos públicos, tendo sido, designadamente, funcionário da Secretaria do Tribunal de Lisboa, administrador do concelho de Portalegre, deputado às Cortes em diversas legislaturas e comissário régio no Teatro D. Maria II.
Na imprensa colaborou em diversos periódicos, entre os quais «O Primeiro de Janeiro», «Diário Ilustrado» e «Diário Popular», para além de diversos jornais políticos e literários.
Escritor polígrafo, publicou centena e meia de obras, entre romances - sobretudo do género histórico -, crítica literária, crónica de viagens, monografias históricas, memórias, poesia e teatro. Nas suas obras deu predomínio aos ambientes e figuras características do Porto.
Amigo íntimo de Camilo Castelo Branco, escreveu oito monografias sobre este famoso escritor.
Alberto Pimentel escreve, em “Vinte Anos de vida literária”, sobre o seu pai:
“Ele foi um dos últimos homens dessa geração quási extinta, que trouxeram do lar paterno a noção austera do dever e a impressão profunda dos bons exemplos domésticos.
Tudo era antigo na educação desses homens, hoje já tão raros que viveram os primeiros anos da sua vida em plena atmosfera de tradições sagradas e invioláveis, e que professavam pelo passado um culto cotidiano, no meio de criados velhos, de velhas loiças da India, e de velhos retratos de avós falecidos.
 Todas as grandes solenidades religiosas não passavam sem comemoração doméstica; eram outras festas de família, muito íntimas e muito expansivas. O Natal, a Páscoa e os dias solenes da Igreja, eram esperados com júbilo, e celebrados com devoção tradicional.

E sentar-se um pai à mesa, nesses dias memorandos, rodeado de todos os filhos e de todos os parentes, era para os homens da geração quási extinta um doce prazer patriarcal, puro e simples, e gozo perente da felicidade pela família“.
(actualização)
Contributo de RF:
“O passado é um país ideal onde se envelhece ao cabo de algumas horas de concentração”
Alberto Pimentel, “Vinte Anos de Vida Literária“

Diante dos dois lados do espelho da memória, o presente e o passado, o autor recorda os rostos , os nomes, o sentir e o pensar de lembranças saudosas de outro tempo.
4ªCantiga de  Pinto Soares

Novelas 2 de Abril de 2012.