( Francisco Moita Flores )
terça-feira, 28 de agosto de 2012
DESVANEÇO E SINTO VERGONHA.
ÀS VEZES ALGUÉM OLHA COM OLHOS DE VER !!!
Concordo quase
sempre para discordar, ou em alternativa tento encontrar saída mesmo que
difícil para situações absurdas, no entanto hoje estou naqueles dias em que
tento ler e não acreditar no que leio. Transcrevo porque não concordo e sinto,
VERGONHA!
Poderá parecer, ou
até ser mais uma notícia daquelas milhares de vezes em que dramatizam e vêm o
problema muito maior do que ele realmente é. Mas não. É mesmo verdade.
Aprenderam o que é
certo e justo, esforçam-se todos os dias para fazer cada vez melhor.
Salvam e afagam
vidas humanas, fazem viver e nascer, olham para a vida sem se aperceberem da
morte, esquecendo-se quase sempre deles, e chegam aos limites. Graças a eles
não temos motivos para reclamar, apenas para agradecer.
Estamos vivos!
Leio e envergonho-me.
Responsáveis da saúde conferiram
a uma empresa privada a adjudicação de um contrato de fornecimento de enfermeiros.
Assim, como se fornecessem
salsichas para um refeitório. A empresa põe os enfermeiros a trabalhar... nos
serviços de saúde e paga a cada um deles, por hora de trabalho, 3,95 euros à
hora. Não sei quanto fica para a empresa a contratação por cabeça, mas
seguramente o cansativo e diligente trabalho do intermediário terá que ficar
com uma boa parte da remuneração contratada.
No fundo, o que os serviços de
saúde fizeram foi contratar intermediários. A 3,95 euros à hora estes subalugam
escravos ou semi-escravos dependentes dessa miséria para sobreviverem.
Foi a doença e o hospital, que
por várias vezes pontuaram a minha vida, que me fizeram conhecer a vida e o
trabalho da enfermagem.
As horas intermináveis de
serviço, a atenção cuidada aos doentes, a capacidade de sorrir e animar um
paciente mesmo quando o cansaço já se lhe adivinha nos olhos.
A atenção profissional aos
sinais clínicos, às campainhas, aos gemidos de dor, a insónia para que aqueles
que cuidam possam descansar, os actos clínicos cautelosos, explicados,
rigorosos, cumprindo-se enquanto profissionais e cidadãos. São a parte mais
decisiva de toda a organização do sistema de saúde. Nas suas mãos morrem
muitos. Das suas mãos renascem para a vida muitos mais, enquanto o médico chega
ou não chega. São o verdadeiro sangue da vida hospitalar.
O apoio primeiro. O
primeiro olhar. E, por vezes, a última palavra. São homens e mulheres com as
mãos mergulhadas na dimensão maior da sua existência, reparando, tratando,
cuidando de doentes, de convalescentes, de moribundos.
Nunca lhes agradeceremos tudo
aquilo que merecem, centrado que está o olhar nas decisões do médico. Mas são a
essência das nossas expectativas de sobrevivência quando nos confrontamos com a
doença. Pagar-lhes 3,95 euros à hora não é apenas tratá-los mal. É sujeitá-los
à humilhação e à miséria.
É transformar seres humanos,
superiormente qualificados, em indigentes a quem se dá a esmola para que não
morram de fome. É uma vergonha que os envergonha e nos envergonha. É um País
não ter respeito por si próprio embora esteja de braços abertos ao
intermediário. Aos parasitas. Um estado que permite isto deveria ser pago à
vergastada."
"Os Enfermeiros são e serão
sempre o verdadeiro sangue da vida hospitalar:
( Francisco Moita Flores )
( Francisco Moita Flores )
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Bem, aqui é uma questão de contas; não nos podemos revoltar até porque, enfermeiros são estritamente necessários no quotidiano. Como disse é uma questão de contas:
ResponderEliminarSe um enfermeiro ganhar 3,95 euros por hora, trabalhar 8 horas por dia, 4 dias por semana e 4 semanas por mês recebe cerca de 505 euros que, se aproxima (excede) do ordenado mínimo.