Concordo quase
sempre para discordar, ou em alternativa tento encontrar saída mesmo que
difícil para situações absurdas, no entanto hoje estou naqueles dias em que
tento ler e não acreditar no que leio. Transcrevo porque não concordo e sinto,
VERGONHA!
Poderá parecer, ou
até ser mais uma notícia daquelas milhares de vezes em que dramatizam e vêm o
problema muito maior do que ele realmente é. Mas não. É mesmo verdade.
Aprenderam o que é
certo e justo, esforçam-se todos os dias para fazer cada vez melhor.
Salvam e afagam
vidas humanas, fazem viver e nascer, olham para a vida sem se aperceberem da
morte, esquecendo-se quase sempre deles, e chegam aos limites. Graças a eles
não temos motivos para reclamar, apenas para agradecer.
Estamos vivos!
Leio e envergonho-me.
Responsáveis da saúde conferiram
a uma empresa privada a adjudicação de um contrato de fornecimento de enfermeiros.
Assim, como se fornecessem
salsichas para um refeitório. A empresa põe os enfermeiros a trabalhar... nos
serviços de saúde e paga a cada um deles, por hora de trabalho, 3,95 euros à
hora. Não sei quanto fica para a empresa a contratação por cabeça, mas
seguramente o cansativo e diligente trabalho do intermediário terá que ficar
com uma boa parte da remuneração contratada.
No fundo, o que os serviços de
saúde fizeram foi contratar intermediários. A 3,95 euros à hora estes subalugam
escravos ou semi-escravos dependentes dessa miséria para sobreviverem.
Foi a doença e o hospital, que
por várias vezes pontuaram a minha vida, que me fizeram conhecer a vida e o
trabalho da enfermagem.
As horas intermináveis de
serviço, a atenção cuidada aos doentes, a capacidade de sorrir e animar um
paciente mesmo quando o cansaço já se lhe adivinha nos olhos.
A atenção profissional aos
sinais clínicos, às campainhas, aos gemidos de dor, a insónia para que aqueles
que cuidam possam descansar, os actos clínicos cautelosos, explicados,
rigorosos, cumprindo-se enquanto profissionais e cidadãos. São a parte mais
decisiva de toda a organização do sistema de saúde. Nas suas mãos morrem
muitos. Das suas mãos renascem para a vida muitos mais, enquanto o médico chega
ou não chega. São o verdadeiro sangue da vida hospitalar.
O apoio primeiro. O
primeiro olhar. E, por vezes, a última palavra. São homens e mulheres com as
mãos mergulhadas na dimensão maior da sua existência, reparando, tratando,
cuidando de doentes, de convalescentes, de moribundos.
Nunca lhes agradeceremos tudo
aquilo que merecem, centrado que está o olhar nas decisões do médico. Mas são a
essência das nossas expectativas de sobrevivência quando nos confrontamos com a
doença. Pagar-lhes 3,95 euros à hora não é apenas tratá-los mal. É sujeitá-los
à humilhação e à miséria.
É transformar seres humanos,
superiormente qualificados, em indigentes a quem se dá a esmola para que não
morram de fome. É uma vergonha que os envergonha e nos envergonha. É um País
não ter respeito por si próprio embora esteja de braços abertos ao
intermediário. Aos parasitas. Um estado que permite isto deveria ser pago à
vergastada."
"Os Enfermeiros são e serão
sempre o verdadeiro sangue da vida hospitalar:
Bem, aqui é uma questão de contas; não nos podemos revoltar até porque, enfermeiros são estritamente necessários no quotidiano. Como disse é uma questão de contas: Se um enfermeiro ganhar 3,95 euros por hora, trabalhar 8 horas por dia, 4 dias por semana e 4 semanas por mês recebe cerca de 505 euros que, se aproxima (excede) do ordenado mínimo.
Bem, aqui é uma questão de contas; não nos podemos revoltar até porque, enfermeiros são estritamente necessários no quotidiano. Como disse é uma questão de contas:
ResponderEliminarSe um enfermeiro ganhar 3,95 euros por hora, trabalhar 8 horas por dia, 4 dias por semana e 4 semanas por mês recebe cerca de 505 euros que, se aproxima (excede) do ordenado mínimo.