segunda-feira, 2 de abril de 2012

ENCONTRO DE ESCRITORES - UNICEPE.

Na quarta-feira, dia 28 de Março, das 21h30 às 23h foi homenageado o escritor Alberto Pimentel, na Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, sendo a apresentação do escritor a cargo de José Silva


Porto, 1849/Queluz, 1925 - Alberto Pimentel nasceu no Porto, em 1849, e nesta cidade frequentou a instrução pública, não tendo sido possível, por motivos económicos, aceder ao ensino superior como era pretensão de seu pai.
Colocou na sua obra o Porto na Berlinda e em 1868, Alberto Pimentel era estudante do Liceu, tinha então 19 anos de idade.
Assistiu a um outeiro no Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria, que então ocupava o actual espaço da estação de S. Bento. Foi acompanhado pelo seu inseparável amigo Sousa Viterbo, como já era conhecido das freiras, por lá ter uma prima, não teve dificuldade em entrar.
Ficou deliciado com as iguarias e vinhos finos. A música também esteve presente, através do Maestro Miguel Ângelo (no piano), Marques Pinto (violino) e do mestre Moreira de Sá. Os poetas glosaram até altas horas a mote das seculares.

Alberto Pimentel retira-se com o seguinte verso:
Tenho hoje aqui glosado
Motes a êsmo, a granel
Consenti, minhas senhoras,
Que eu desta feita termine
E perante vós se incline
Vosso servo Pimentel.
 Além de jornalista e escritor, Alberto Pimentel ocupou diversos cargos públicos, tendo sido, designadamente, funcionário da Secretaria do Tribunal de Lisboa, administrador do concelho de Portalegre, deputado às Cortes em diversas legislaturas e comissário régio no Teatro D. Maria II.
Na imprensa colaborou em diversos periódicos, entre os quais «O Primeiro de Janeiro», «Diário Ilustrado» e «Diário Popular», para além de diversos jornais políticos e literários.
Escritor polígrafo, publicou centena e meia de obras, entre romances - sobretudo do género histórico -, crítica literária, crónica de viagens, monografias históricas, memórias, poesia e teatro. Nas suas obras deu predomínio aos ambientes e figuras características do Porto.
Amigo íntimo de Camilo Castelo Branco, escreveu oito monografias sobre este famoso escritor.
Alberto Pimentel escreve, em “Vinte Anos de vida literária”, sobre o seu pai:
“Ele foi um dos últimos homens dessa geração quási extinta, que trouxeram do lar paterno a noção austera do dever e a impressão profunda dos bons exemplos domésticos.
Tudo era antigo na educação desses homens, hoje já tão raros que viveram os primeiros anos da sua vida em plena atmosfera de tradições sagradas e invioláveis, e que professavam pelo passado um culto cotidiano, no meio de criados velhos, de velhas loiças da India, e de velhos retratos de avós falecidos.
 Todas as grandes solenidades religiosas não passavam sem comemoração doméstica; eram outras festas de família, muito íntimas e muito expansivas. O Natal, a Páscoa e os dias solenes da Igreja, eram esperados com júbilo, e celebrados com devoção tradicional.

E sentar-se um pai à mesa, nesses dias memorandos, rodeado de todos os filhos e de todos os parentes, era para os homens da geração quási extinta um doce prazer patriarcal, puro e simples, e gozo perente da felicidade pela família“.
(actualização)
Contributo de RF:
“O passado é um país ideal onde se envelhece ao cabo de algumas horas de concentração”
Alberto Pimentel, “Vinte Anos de Vida Literária“

Diante dos dois lados do espelho da memória, o presente e o passado, o autor recorda os rostos , os nomes, o sentir e o pensar de lembranças saudosas de outro tempo.
4ªCantiga de  Pinto Soares

Novelas 2 de Abril de 2012.




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