Na quarta-feira,
dia 28 de Março, das 21h30 às 23h foi homenageado o escritor Alberto Pimentel, na Cooperativa
Livreira de Estudantes do Porto, sendo a apresentação do escritor a cargo de José Silva
Porto,
1849/Queluz, 1925 - Alberto
Pimentel nasceu no Porto, em 1849, e nesta cidade frequentou a instrução
pública, não tendo sido possível, por motivos económicos, aceder ao ensino
superior como era pretensão de seu pai.
Colocou na sua obra o Porto na Berlinda e em
1868, Alberto Pimentel era estudante do Liceu, tinha então 19 anos de idade.
Assistiu
a um outeiro no Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria, que então ocupava o actual
espaço da estação de S. Bento. Foi acompanhado pelo seu inseparável amigo Sousa
Viterbo, como já era conhecido das freiras, por lá ter uma prima, não teve
dificuldade em entrar.
Ficou
deliciado com as iguarias e vinhos finos. A música também esteve presente,
através do Maestro Miguel Ângelo (no piano), Marques Pinto (violino) e do
mestre Moreira de Sá. Os poetas glosaram até altas horas a mote das seculares.
Alberto
Pimentel retira-se com o seguinte verso:
Tenho
hoje aqui glosado
Motes
a êsmo, a granel
Consenti,
minhas senhoras,
Que
eu desta feita termine
E
perante vós se incline
Vosso
servo Pimentel.
Além de jornalista e escritor, Alberto
Pimentel ocupou diversos cargos públicos, tendo sido, designadamente, funcionário
da Secretaria do Tribunal de Lisboa, administrador do concelho de Portalegre,
deputado às Cortes em diversas legislaturas e comissário régio no Teatro D.
Maria II.
Na
imprensa colaborou em diversos periódicos, entre os quais «O Primeiro de Janeiro»,
«Diário Ilustrado» e «Diário Popular», para além de diversos jornais políticos
e literários.
Escritor
polígrafo, publicou centena e meia de obras, entre romances - sobretudo do
género histórico -, crítica literária, crónica de viagens, monografias históricas,
memórias, poesia e teatro. Nas suas obras deu predomínio aos ambientes e
figuras características do Porto.
Amigo
íntimo de Camilo Castelo Branco, escreveu oito monografias sobre este famoso
escritor.
Alberto
Pimentel escreve, em “Vinte Anos de vida literária”, sobre o seu pai:
“Ele
foi um dos últimos homens dessa geração quási extinta, que trouxeram do lar
paterno a noção austera do dever e a impressão profunda dos bons exemplos
domésticos.
Tudo
era antigo na educação desses homens, hoje já tão raros que viveram os
primeiros anos da sua vida em plena atmosfera de tradições sagradas e
invioláveis, e que professavam pelo passado um culto cotidiano, no meio de
criados velhos, de velhas loiças da India, e de velhos retratos de avós
falecidos.
Todas as grandes solenidades religiosas não
passavam sem comemoração doméstica; eram outras festas de família, muito
íntimas e muito expansivas. O Natal, a Páscoa e os dias solenes da Igreja, eram
esperados com júbilo, e celebrados com devoção tradicional.
E sentar-se um pai
à mesa, nesses dias memorandos, rodeado de todos os filhos e de todos os
parentes, era para os homens da geração quási extinta um doce prazer
patriarcal, puro e simples, e gozo perente da felicidade pela família“.
(actualização)
Contributo
de RF:
“O
passado é um país ideal onde se envelhece ao cabo de algumas horas de
concentração”
Alberto Pimentel, “Vinte Anos de Vida Literária“
Diante
dos dois lados do espelho da memória, o presente e o passado, o autor recorda
os rostos , os nomes, o sentir e o pensar de lembranças saudosas de outro
tempo.
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