BIBLIOTECA MUNICIPAL DE PENAFIEL
 
 
      Em mais um aniversário da morte
de Adriano Correia de Oliveira, a Biblioteca Municipal de Penafiel, levou a efeito a Homenagem ao verdadeiro amante da liberdade.
        Carlos Andrade, José Silva e João Teixeira foram os convidados para homenagearem e apresentarem o espectáculo «Lembrar Adriano».
      Já todos nós ouvimos o
provérbio: “Muito bem se canta na Sé, mas é para quem é”. Ora, este “dito”
ajusta-se perfeitamente à figura que, hoje, queremos lembrar. Aquela voz bonita
de Adriano Correia de Oliveira não podia deixar de cantar na Sé. E cantou! Cantou na Sé e por toda a parte.
      Adriano Correia de Oliveira
muito embora seja tido como Avintense, em boa verdade, nasceu na Rua Formosa,
na cidade do Porto, em 9 de Abril de 1942. Chegou a Coimbra apenas com
dezassete anos, para frequentar o curso de Direito, na Universidade.
      Com o entusiasmo próprio dos
dezassete anos, logo começou a frequentar as tertúlias académicas, a boémia
coimbrã e facilmente entra nos movimentos estudantis.
     De uma vivacidade natural e com
uma voz lindíssima, depressa se torna o menino bonito do Orfeão Académico. 
      Canta o fado (o fado tradicional
de Coimbra), gravando um ou dois discos. Entretanto, a este tempo, em Coimbra,
sentiam-se já os ventos de mudança que sopravam.
 
      José Afonso, que na década
anterior fora um dos mais apreciados cantores do fado de Coimbra, andava,
agora, por lá, de viola em punho, a cantar uma espécie de cantiga trovadoresca,
que rompia com a praxe e a tradição Coimbrã. Era uma cantiga nova, que exaltava
e servia os ímpetos libertários que, àquele tempo, fervilhavam e uniam os
movimentos estudantis.
      Adriano Correia de Oliveira não
se fez rogado.     Logo se entregou de alma e coração a essa nova corrente musical,
a esse novo movimento, a essa nova causa. E surgem, então, as mais bonitas
trovas que a época produziu; lembremos, por exemplo, «A trova do vento que
passa».
      Cultiva a cantiga de intervenção e, verdadeiro amante da liberdade, anda por
todo o lado, a par com outros cantores, a denunciar a repressão e a
prepotência. 
      Insurge-se contra a guerra no Ultramar e ouvimo-lo, então, cantar
“Menina dos olhos tristes”.
      Embrenhou-se também na recolha,
selecção e gravação de cantigas do nosso folclore, quer do Continente quer dos
Açores e deixa-nos «Morte que mataste Lira».
      Muito novo ainda, no auge da sua
capacidade criadora, é acometido de uma doença imparável. Morre aos quarenta
anos, no dia 16 de Outubro de 1982.
      Adriano Correia de Oliveira
cantou poesia. Não sei se escreveu algum poema. 
      Mas a sua vida, todavia, é a
mais eloquente prova de que a melhor poesia não é a que se escreve é a que se
vive.
  
Novelas 19 de Outubro
de 2012.
 
 
 
 
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