Na passada quarta-feira, dia 27
de Junho pelas 22 horas, a Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto,
CRL, levou a efeito e como já é habitual mais um "Encontro de Escritores
Portuenses."
Depois de saudar o público, Rui
Vaz Pinto director da Unicepe deu a palavra a José Silva que fez a apresentação do escritor Sampaio Bruno, autor escolhido para o dia, ficando as
canções a cargo de Jorge Gomes da Silva.
José
Pereira de Sampaio que adoptou o pseudónimo de “Bruno” ficou a ser conhecido
por Sampaio Bruno e veio a tornar-se uma ilustre figura.
Sampaio Bruno nasceu na cidade
do Porto a 30 de Novembro de 1857, filho de Ana Albina Pereira Barroso e de
José Pais de Sampaio. Foi um autodidacta publicando a primeira carta num jornal da época, com
apenas 14 anos.
Sampaio Bruno cresceu num meio
dominado pelas ideias liberais. Assim caracterizou Joel Serrão o ambiente
social em que aconteceu a sua formação intelectual.
Cedo criou celeuma publicando um artigo contra os vampiros que o levou a tribunal. Quando o Juiz pediu para se levantar o arguido, eis que vimos erguer-se uma
criança de 14 anos cheia de medo, que logo foi autorizada a ir-se embora.
Em 1890 tornava-se Republicano confesso,
e fazia sair o primeiro número do jornal “A República Portuguesa”, que fora
fundado por ele próprio e Joaquim Gomes de Macedo, de apoio ao
partido republicano.
A Revolta viria a ter lugar
na cidade do Porto a 31 de Janeiro de 1891 sendo o primeiro movimento revolucionário
quem teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal.
Publicou várias obras
sendo que uma das maiores “O Encoberto”. Em 1908 foi nomeado
segundo Oficial Conservador da Real Biblioteca Municipal do Porto e algum tempo
mais tarde Director de tão grande “livraria e escritaria” publica.
Destaquemos, de início, o traço
intelectual mais marcante da personalidade do nosso autor: a sua liberdade de
espírito que o levou a ser, como o pai, um libertário. O nome de Bruno, acrescentado ao da família foi inspirado no do grande filósofo italiano, Giordano,
que morrera, em 1600, vítima da intolerância da Santa Inquisição. romana em face da
liberdade de pensamento, conforme referido pelo apresentador.
Sampaio Bruno nunca
casou. Falar desta figura é falar de um ilustre escritor Portuense,
contemporâneo, fruto duma época política, social e económica, com muito talento
e reconhecido pelo público, mesmo popular.
Faleceu a 11 de Novembro de 1915
no Hospital da Ordem do Terço, após ter sido submetido a uma operação
cirúrgica, no dia 6 do mesmo mês a um hidrocele, que nos últimos anos o
impossibilitara de caminhar.
A aura de Sampaio Bruno e de homens
como este perdurarão para sempre neste Universo, apesar de encontramos em documentos
de 1902 o mesmo tipo de "democracia" que os do Centenário querem
fazer-nos comemorar!
Façam o favor de ler, não fui eu
que escrevi!
JORNAL VOZ PÚBLICA
"Hontem, por volta
das 9 horas menos um quarto da noite, o sr. José Pereira de Sampaio (1) descia,
só, tranquilo e socegadamente a rua Sá da Bandeira, desta cidade.
Atravessou a rua, vindo da tabacaria Gonçalves, o dr. Affonso Costa,
acompanhado de vinte indivíduos, aproximadamente.
Subito, o dr. Affonso
Costa, dirigindo-se ao sr. José Sampaio, berrou-lhe: – Ah, seu canalha! e,
levantando a mão armada de um "box de ferro", assentou-lhe uma forte
pancada na cabeça. Logo, os indivíduos que acompanhavam o doutor, mettendo-se na contenda,
agarraram os dois, mas permittindo que o dr. Costa continuasse aggredindo
violentamente o sr. José Sampaio. (…)"
Jornal Voz Pública, 12 de
Janeiro de 1902.
Tudo isto não é estranho
até porque na minha opinião, hoje similarmente alem de existir quem tente esquecer
homens ímpares, por vezes até condicionados ou forçados, votados a um relativo
esquecimento ou mesmo ao esquecimento, ainda à quem assista a tributos para
galardoarem alguns, polichinelos; arcários; ou saltimbancos, onde o único
problema reside em fazerem jogos com a causa pública.
No entanto são atitudes
como estas; que retiram do esquecimento homens desta dimensão e que serão
mantidas por todos aqueles que se preocupam; com um sem-futuro que cada vez mais
se está a deteriorar; e lamentavelmente a ensinar.
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